sexta-feira, 21 de abril de 2017

Ser Psicóloga neste Lar que é uma Casa...

Sou Psicóloga em vários sítios com diferentes populações mas um deles é muito especial…já teve muitos nomes, agora chama-se Casa de Acolhimento mas já foi Lar de Infância e Juventude… isso mesmo trabalho com crianças e jovens em risco… Nunca imaginei trabalhar nesta área…sou de clínica e tirei o meu curso em França e lá o sistema de acolhimento é um pouco diferente, aliás bastante diferente até, não existem estruturas deste género, pelo que eu estava completamente a zero quando comecei há 13 anos atrás (ui o tempo passa mesmo depressa) …Iniciei a minha atividade a meio-tempo e devo confessar que nos primeiros meses andava um pouco perdida quanto às minhas funções, pois, se é verdade que atendia as meninas individualmente e até fazia avaliações, também as acompanhava noutras atividades como colónias de férias e passeios…a minha “neutralidade” foi, muitas vezes, posta à prova até que percebi que tinha que colocar um pouco de parte a teoria e “formar-me” a partir daquela nova experiência. Passados estes anos todos, já está tudo mais esclarecido e não, não faço psicoterapia com estas meninas…nem fazia sentido...tenho muitas funções nesta Casa…e também sou psicóloga claro...isso nunca deixo de ser! Sou Psicóloga na forma como falo com elas, na procura de estratégias mas na maior parte do tempo sou Cuidadora. É isso que fazemos nesta Casa, cuidamos de quem nos foi entregue (por tempo determinado tempo que por vezes quase parece infinito para elas…) Nem sempre é fácil, lidamos com sentimentos de revolta, de injustiça, não somos nós que tomamos a decisão do acolhimento mas somos nós que aplicamos…Aprendi a baixar as minhas expectativas, a ser menos rigorosa em relação a certos resultados (nomeadamente os escolares) … Quero acreditar que fazemos a diferença na vida destas miúdas e que conseguimos dar-lhes ferramentas para quando forem autónomas…se funciona sempre? Não claro e sabem porquê? Porque não fazemos camisolas, trabalhamos com pessoas e sim, de vez em quando, erramos e ficamos zangadas e frustradas mas depois recomeçamos tudo de novo no dia a seguir. A Psi.

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